A Voz da Poesia

Biblioteca da Literatura Popular (Cordel)

Textos


 

 

O RICO E O POBRE

 

 

 

 

Musa divina e sagrada

Me inspira nesse momento

Para falar com amor  

O que tenho em pensamento

Sobre o rico e a justiça

E do pobre o sofrimento

 

Me sinto amargurado

Quase não posso falar

As lágrimas vêm aos olhos

Sinto a garganta apertar

O rico sufoca o pobre

Sem meios para escapar

 

Mais as leis são criadas

Apenas para enfeite

Sempre a favor do rico

Aos pobres não dão direito

A justiça dorme e ronca

Na jaula do preconceito

 

É tema bem conhecido

Mesmo assim vou falar

Julguem bem ou ruim

Meu jeito de protestar

Como o rico e a justiça

Vivem ao pobre a sufocar

 

O rico tem direito

A casa ou apartamento

Carro na porta ou garagem

Festa e divertimento

Muito dinheiro no bolso

Pra custear seu sustento

 

O pobre não tem direito

Nem casa para morar

Escola para aprender

Nem terra para trabalhar

Se pede  é vagabundo

Não tem como escapar

 

A justiça vê tudo

É a dona da verdade

Porém  para o pobre

É outra a realidade

Prende e solta o rico

Com muita facilidade

 

O rico tem mordomia

O pobre não tem sossego

Pra pobre se dá trabalho

Pro rico se dá emprego

Filho de pobre é moleque

Filho de rico é pelego

 

A justiça é quem faz

Essa discriminação

Ao pobre nega a verdade

Tira o poder de ação

E ao rico dá o direito

Mesmo não tendo razão

 

Justiça seria pra todos

E os direitos iguais

Se presos o pobre e o rico

Sofressem os mesmos penais

Porque o pobre e o rico

Aspiram os mesmos ideais

 

O rico possui a terra

E tudo ele planeja

Faz dela seu patrimônio

Muito tem e mais deseja

A ninguém presta conta

Comanda assim a peleja

 

O pobre vaga na terra

Não tem casa ou moradia

É sujeito a passar fome

O rico lhe repudia

Se ele mata é um monstro

Se morre  é por covardia

 

O rico manda em tudo

O pobre só é mandado

O rico dorme em mansão

O pobre  no chão molhado

Se pune o erro do pobre

Do rico  é dispensado

 

O rico mata em defesa

O pobre  é por covardia

O rico não fica preso

O pobre vai pra enxovia

Julga o rico com defesa

O pobre  é à revelia

 

Se o rico rouba  é esperto

Se o pobre furta  é ladrão

A justiça sabendo disso

Entra logo em ação

Manda o rico pra casa

O pobre  para a prisão

 

O rico mata e rouba

Na ganância por dinheiro

Desonra, assalta e estupra

É chamado justiceiro

Mas se é um homem pobre

Sua alcunha é desordeiro

 

O filho do rico assalta

Ninguém o chama atenção

Diz-se foi tolice

O menino é brincalhão

Fez por ingenuidade

E não por intenção

 

Se é o filho do pobre

Se manda para a cadeia

Lhe chamam de vagabundo

Tem vida pregressa e feia

Vive no mundo do crime

De arrombar casa alheia

 

A justiça tem dois pesos

E somente uma medida

Erra o rico, é dispensado

Pro pobre  a lei é mantida

Falta de pobre é lembrada

A do rico é esquecida

 

A justiça na terra

Para o pobre é abstrata

Para o rico  é fecunda

Mas o pobre ela trata

Com desprezo e indiferença

Que o desgosto lhe mata

 

Justiça de rico é na vida

Pro pobre é quando morre

Ao rico  ela atende

Ao pobre  ela não socorre

Se o rico erra  é deslize

Se o pobre erra  é esporre

 

Mas a justiça Divina

Tem a medida direta

Quando julgando os dois

É com medida correta

Ela pune ao errado

E ao certo ela liberta

 

Deus dá a pobre e rico

O direito de viver

Um ao outro ajudar

Se preciso  defender

E o que for mais forte

Ao mais fraco defender

 

Mas tudo é diferente

O homem pensa errado

O rico sobe na vida

O pobre é explorado

A justiça a meio pano

Fica de braço cruzado

 

Rico  pobre e a justiça

Dois existem realmente

Disso tenho a certeza

O terceiro é inexistente

Se o terceiro existisse

Tudo era diferente

 

Se houvesse justiça

Como tem rico e pobre

Quando os dois errasse

Fosse plebeu ou nobre

Se punisse igualmente

A justiça não se dobre

 

Falo assim por falar

Digo com tranquilidade

Jesus veio à terra

Nos trazer felicidade

A justiça o condenou

Porque pregou a verdade

 

Foi morto crucificado

Pregado em uma cruz

O mundo vivia em trevas

Ele veio trazer a luz

A justiça mandou matar

A quem ao céu nos conduz

 

Falei de rico e pobre

E da justiça também

Dos erros do homem

Dos defeitos que tem

Vou falar de satanás

Da forma como ele vem

 

Do seu poder na terra

Destruindo o certo

Dirige as autoridades

Delas não sai de perto

Os homens não o vêem

O satanás é esperto

 

Vou mudar de jeito

E meu modo de falar

Nos capítulos da Bíblia

E como interpretar

Como satanás procura

A todo mundo enganar

 

É o príncipe das trevas

E tem os dias contados

Por isso  ele procura

A trazer todos enganados

Para no fogo com ele

Sejamos precipitados

 

Todo tipo de engodo

No mundo tem lançado

Prazeres extravagantes

O crime organizado

Mulheres se vendendo

Pelo preço do pecado

 

Mulher toda despida

Nos mostra a televisão

Mulher fazendo sexo

Na sala da refeição

Apresentada em novela

A senda da perdição

 

Os deleites sexuais

Feitos abertamente

Gestos de fazer amor

Na frente de inocentes

No ritmo da lambada

Uma dança indecente

 

...  

 

 

 

 

 

 

Autores: JOSÉ BEZERRA e R. CORDEIRO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Zé Bezerra o Águia de Prata
Enviado por Zé Bezerra o Águia de Prata em 10/06/2023
Alterado em 24/06/2023


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