A Voz da Poesia

Biblioteca da Literatura Popular (Cordel)

Textos

EU E TU
Eu sou um pássaro triste
Vagando na amplidão
Sem conforto e sem amparo
Preso em um alçapão
A tristeza é minha amiga
Meu ninho é a solidão

Tu és a lua cheia
Minha doce inspiração
A luz que me alumia
Meu sonho minha ilusão
O meu feliz arrebol
Os raios quentes de Sol
Queimando o meu coração

Eu nasci antes do tempo
Cheguei na hora errada
Num dia de lua cheia
Em tempo de invernada
O rasga-mortalha cantava
Dando a sua tesourada

Tu és o riso, a alegria.
O pão, o meu alimento.
A água que mata a sede
Teu amor é o fermento
Que ainda me faz viver
E na tua boca beber
Esse doce sentimento

Eu sou a estrada sem fim
O caminho desprezado
Eu sou a árvore sem sombra
Sou um cão abandonado
Sou um ermo, um deserto.
Que nunca foi explorado

Tu és o sol que brilha
Aquecendo a minha vida
A sombra que me espera
Doce suave guarida
É a santa que venero
Tudo o que mais quero
Pra dar vida à minha vida

Sou um lago sem água
Sou um rio que secou
Sou a flor desbotada
Que no galho já murchou
Sou um espelho sem brilho
Que já se despedaçou

Tu o carinho que não tive
O sol que me aqueceu
A estrela que me guia
Abrigo que Deus me deu
Minha paz e harmonia
Minha alma em agonia
Espera um carinho teu

Sou a lareira sem fogo
Pedra no meio da estrada
Sou a erva do caminho
Que por todos é pisada
Eu sou o eco sem voz
A palavra não falada

Tu és minha salvação
A paz por mim esperada
A força que me dá força
Nesta vida angustiada
Tu és a minha esperança
Saiba que desde criança
Que por mim tu és amada

Eu sou o desprezo de todos
O desgosto de alguém
O livro que não se lê
O remédio que não tem
Eu sou a trilha errada
Nela não anda ninguém

Tu és o que mais quero
E por quem vivo esperando
Tu foi e sempre serás
Com quem eu vivo sonhando
Nunca irei te esquecer
Mesmo depois de morrer
Continuarei te amando

Sou os escombros da vida
Sou a palavra errada
O inverno fora do tempo
A seca não esperada
Eu sou a safra perdida
Eu sou o resto do nada

Tu és a alva do dia
A deusa da madrugada
A barra do amanhecer
Minha sereia encantada
O meu sol de primavera
Eu vivo à tua espera
Pra ter a paz desejada

Eu sou um dia treze
Dia de superstição
Por isso eu sou assim
Sou dia de maldição
Só chego fora do tempo
Ninguém lhe dá atenção

Tu divina mulher
És tudo o que eu desejo
Tu és o bálsamo da vida
És a doçura do beijo
Vem depressa me abraçar
E nossa sede matar
Trocando beijo por beijo
Zé Bezerra o Águia de Prata
Enviado por Zé Bezerra o Águia de Prata em 28/11/2007
Alterado em 28/11/2007
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