QUANDO NASCE A POESIA NASCE TAMBÉM O POETA
No dia que eu nasci
Qui a parteira pegô Foi pegando e dizendo É o rei dos cantadô. Minha mãe mi jogô fora Mas o pai de mim cuidô Fiquei mal acostumado Qui nem no roçado eu vô. Um dia fui cunvidado Para cantá cum Malaquia Mãe dixe qui eu num fosse Minha vó qui eu num ia. Meu pai num falô nada Vi qui ele cunsistia Me ajeitei na certa Qui naquela noite eu fugia. Cantei na sexta e no sabo O domingo todo dia Vim dar vorta no cabra Sigunda fera mei-dia. Ganhei um bode melado Meia cuia de farinha Arrumei uma namorada Que se chamava Chiquinha. Cheguei in casa cantando Cum ela no pensamento Minha mãe mi isperava Cum outro divertimento. Quando lhe dei a bença Ela vêi cum chiqueradô Mi deu tanta lapada Qui inda hoje eu sinto dô. Quem nasce pra ser poeta Nas banda do meu sertão Já cresce dizendo lôa Cantando verso e canção. Não precisa ir pra escola Pra mode aprender a lê Tira o verso na cachola Cuma todo mundo vê. A gente vai crescendo Na vida tumando jeito Jogando pra fora as mágoas Que guarda dentro do peito. Cuma canta o sabiá Cum voz bela e sonora Cuma canta a mãe da lua E a tarde a siricóra. Eu também jogo fora As mágoas qui tenho no peito Assim cuma a sabiá Vivo alegre e satisfeito. Quando a gente nasce Demonstrando ser poeta Os parente mais vei diz: Aquele cabra num presta. Cada um pra o qui nasce Seja pra roça ou dotô Cordelista ou violeiro Dentista ou agricutô. Digo na prosa da frente Num precisa que me assãe Cuma qui nasce o poeta Cuma é que nasce a mãe.
Zé Bezerra o Águia de Prata
Enviado por Zé Bezerra o Águia de Prata em 26/07/2007
Alterado em 28/07/2007 Copyright © 2007. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Áudios Relacionados:
QUANDO NASCE A POESIA NASCE TAMBÉM O POETA - Zé Bezerra o Águia de Prata
|