MINHA ORIGEM
Meu pai era o desgosto
Que um dia me gerou No ventre da ingratidão Que um dia me entregou Nos braços da tristeza Que muito mal me criou Fui pra casa da tia Da mãe da ingratidão Com ela passei uns dias Junto com a solidão Na casa do desespero Eu fazia a refeição Fui pra casa da amargura E ali me demorei Passei fome e andei nu Com a maldade me encontrei Madrinha da desventura Com quem me acostumei Meu pai era o desgosto Veio bater na minha porta Me pegando de surpresa Causou-me grande revolta Pra casa da incerteza Ele me levou de volta E quando ali cheguei No meio da escuridão Me encontrei com a angústia Que é mãe da solidão Esta me acariciou Mas me tirou a razão Já cansado de andar Procurei me esconder E com a meiga saudade Com ela eu fui viver Junto com a solidão Que vive a me aquecer A mágoa e a tristeza Sempre vêm me visitar Por isso a experiência Vem pra me aconselhar E diz: “Tudo passa na vida, Não é preciso chorar. Às vezes saio andando Pra de tudo esquecer Mas a angústia vem Na minha porta bater Me deixa desmoronado Aumentando meu sofrer Já cansado e sem alento Eu resolvi me mudar Na rua da amargura Foi onde fui morar No beco do desengano, É que eu devia ficar. Ali fiquei algum tempo Com a tia solidão Junto com o desprezo Filho da ingratidão Que sempre me castigou Sem dó e sem compaixão Com o desprezo fiquei Na rua da amargura Na esquina do precipício Lá no vale da tortura Onde o sofrimento passa Sempre de alguém à procura Eu resolvi me mudar Pra casa da esperança Mas eu saí escondido Da tia desconfiança Que é inimiga mortal De quem não tem segurança E hoje estou morando Na casa do terror Num mundo desesperado Que só existe horror A tristeza e desalinho Onde só o medo morou Agora estou descansando Porque lá não vai ninguém Fica perto do vai-não-torna Lugar que ainda não tem Lá estou mais à vontade Me sentindo muito bem Foi assim a minha origem Mas já me sinto à vontade Quando eu sair dali Com toda simplicidade Eu vou morar com você Gozando a nossa amizade.
Zé Bezerra o Águia de Prata
Enviado por Zé Bezerra o Águia de Prata em 14/06/2007
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