A Voz da Poesia

Biblioteca da Literatura Popular (Cordel)

Textos

Canta, canta, passarinho
Canta, canta, passarinho,
Bem à beira do caminho
Renova  a minha esperança
Estou cansado e triste
Mas meu peito resiste
Como  sonho de criança

Canta, canta, passarinho
Quero sentir teu carinho
E o meu pranto enxugar
É grande o meu tormento
Vivo só de sofrimento
Minhas mágoas a resmungar

Canta, canta alegria
Faz a tua parceria
Com outras a vês a cantar
quero rever a esperança
do meu tempo de criança
com minha mãe a rezar

Canta, canta rouxinol
Desde o primeiro arrebol
Até ao entardecer
Quero lembrar o passado
Com o meu mano abraçado
Pelas campinas a correr

Canta, canta a primavera
Faz lembrar-me como  era
Minha velha moradia
Minha santa mãe rezava
E a todos ela ensinava
Rezar a Ave-Maria

Canta, canta a mãe da Lua
Minha vida parece a tua
Pois teu canto é só tristeza
Vim morar cá na cidade
Perdi a felicidade
Que ali tinha com certeza

Ao romper da alvorada
Canta toda passarada
Pra eu lembrar meu sertão
Nos tempos de vaquejada
As noites enluaradas
Naquele belo rincão
Canta o curió no sertão
A coruja e o gavião
Nas campinas do agreste
Foi ai que nós nascemos
E juntos exaltaremos
As caatingas do Nordeste

Olhando os canaviais
Vejo mortos os  matagais
Que a seca ardente matou
Não vi mais a cauã
Nem também a ribançan
que daí já se mudou

Teu cantar me traz a paz
Só o bem ele faz
Como é belo o teu viver
Quando minha hora for chegada
Ouvindo a passarada
Eu assim quero morrer

Zé Bezerra o Águia de Prata
Enviado por Zé Bezerra o Águia de Prata em 25/05/2007
Alterado em 02/06/2007
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