A Voz da Poesia

Biblioteca da Literatura Popular (Cordel)

Textos

D I V A G A Ç Õ E S
Eu vivi sempre sonhando
Com a minha mocidade
Namorei uma pequena
Da qual eu sinto saudade
Daquele amor passageiro
Acordo sentindo o cheiro
Da sua pouca idade

Não restam nem os sinais
Dos meus  vinte três  anos
Os tempos não voltam mais
Eu sinto passar os anos
Guardo comigo um segredo
Ainda sentindo medo
Dos montões de desenganos

Na longevidade da vida
Já no descer da ladeira
No cair da ribanceira
Ou no findar da subida
Quando eu vou caminhando
Sinto os pés deslizando
Me interrompendo a saída

E se mágoas eu sinto
De ninguém vou me queixar
Se alguém abre a porta
Tem outra a se fechar
Só me restam as ilusões
Noites de divagações
Um passado a relembrar

Vejo tudo terminado
Um ideal fracassado
Uma lembrança falida
A brisa do meu passado
O tempo vai destruindo
Mesmo assim fico sorrindo
Achando tudo engraçado

Foram grandes os desafios
Um ideal fracassado
Uma lembrança falida
A brisa do meu passado
O tempo vai destruindo
Mesmo assim fico sorrindo
Achando tudo engraçado

Foram os grandes os desafios
Que na vida enfrentei  
Para ninguém reclamei
De mim ninguém se maldiz
Venci todos os desenganos
E com o passar dos anos
Me considero feliz

Eu morei em casa alheia
Menti falando a verdade
Sofria perversidade
Dos que pregavam a mentira
Nunca neguei o meu nome
Nem mesmo passando fome
A razão ninguém me tira

Eu não escondo a verdade
Descalço e quase nu
Eu comi palmito cru
Com massa de macunã
Noite  e dia eu  trabalhava
Muitas noites eu deitava
Com o café da manhã

Ao chegar do fim da lida  
Eu velho e ela morta
Pra mim se fecha a porta
Eu me sinto abatido
E com a vida cansada
Chego ao fim da jornada
Do mundo desvanecido

E ao lembrar do passado
Me vem mil recordações
Sinto o corpo cansado
Mil sonhos mil ilusões
E o tempo vai passando
E eu vou me afogando
Nas minhas divagações





Zé Bezerra o Águia de Prata
Enviado por Zé Bezerra o Águia de Prata em 13/04/2007
Alterado em 15/04/2007
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