Na sua eterna ânsia em busca de guarida
Ele clama por amor, abraça-o e vê-se o conforta
Esfarrapado, esquálido, triste, de alma dolorida
Meu irmão, olha o mendigo que bate a tua porta

Carpindo pena que o Evangelho ensina
Sinta-o como o viadante do inefável
Que desvairado segue indefinível sina
Não vejas nele o intruso indesejável

E de tão tosca ao peito triturou
De tão pesada a dor enorme está ungida
É a cruz que o destino lhe arremessou
Seus sofrimentos são lições de vida

Na avalanche de um pugir intenso
Ao semelhante deves ser solidário
Cristo levar o seu madeiro imenso
Cirineu ajudou no pináculo do calvário

Que mendigando esteja pelo mundo afora
E amanhã, talvez, sejas tu ou quem sabe eu
Pois mil enigmas numa vida aflora
Ajuda no que puderes amigo... agora
               J. R. e Silva