A Voz da Poesia

Biblioteca da Literatura Popular (Cordel)

Áudios

NAS HORAS DE SOLIDÃO
Data: 29/09/2007
Créditos:
Texto: "Nas horas de solidão"
Autor: Poeta José Bezerra
Voz: Poeta José Bezerra
Ed. de som: Welington junior
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.

NAS HORAS DE SOLIDÃO
Me sentindo solitário
De casa me retirei
Me meti de mata adentro
E num roçado passei
Na margem de um riacho
Numa pedra me sentei.

E no sopé de um morro
Nascia ali um riacho
As águas iam descendo
Rolando de morro abaixo
Vi uma formiga lutando
Contra as águas do riacho.

Ela queria subir
E continuava descendo
Lutando desesperada
De pedra em pedra batendo
Eu corri e fui salvá-la
Estava quase morrendo.

Numa réstia de sol
Deixei-a, a se aquecer.
E fiquei observando
O que ia acontecer
Se ela escaparia
Ou se iria morrer.

As águas desciam forte
Sobre as pedras rolando
Fazendo sulcos na terra
Raiz de pau arrancando
E sobre as águas calmas
Balseiros se acumulando.

Lembrei-me então da formiga
E lá estava ela a correr
Quando ela me viu parou
Como para agradecer
Depois saiu devagar
Sob as folhas a se esconder.

Eu voltei para a pedra
Onde sentado eu estava
Quando vi um beija-flor
Que de flor em flor bicava
Tirando delas o mel
Com que se alimentava.

Caminhei mais um pouco
E fiquei observando
Num poço de águas limpas
As piabinhas nadando
De um lado para outro
Aos cardumes se juntando.

E margeando o riacho
Devagar fui caminhando
Ouvi o murmúrio das águas
Como que cantarolando
Senti a brisa suave
Os meus cabelos soprando.

Senti neste momento
Minha alma se renovar
E suspirando bem fundo
Mandei as mágoas pro ar
E agradecendo a Deus
Uma prece fui rezar.

E esta minha oração
Com cânticos se misturava
Com a voz dos passarinhos
Que aquela tarde enfeitava
Matou toda a solidão
Que no meu peito morava.

Já era tarde e eu vi
A noite se aproximando
Ouvi o piar da coruja
E a curicaca gritando
E até a mãe da lua
Já estava assoviando.

O grito da siricora
O gemer da juriti
E o cantar assombrado
Do medroso bem-te-vi
E o roncar da cigarra
Que nós chamamos zumbir.

E o véu da noite caiu
Com tremenda escuridão
Mas eu estava alegre
Pois matei a solidão
Que feria e maltratava
Meu pobre coração.
Enviado por Zé Bezerra o Águia de Prata em 29/09/2007

Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.



Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras